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Maracatron | Parte 2
Andando por aí com uma cara de quem sabe mais do que deveria e a enigmática frase Quando foi a última vez? estampada na camiseta surrada, Jadeir defende que o Maracatron sempre existiu. Quando cruzamos nossos caminhos nos corredores estreitos do complexo ele ri para mim e diz que sou seu cúmplice, epíteto que rejeito.…
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As Árvores
As árvores sabem que estamos de passagem, que não viemos para ficar. Esperam e observam nosso movimento. Elas se movimentam com o vento, com o ruído dos animais, todos de passagem. Observam e presenciam a morte de suas irmãs, que são carregadas em caminhões para serem transformadas em revistas, em móveis, em casas. [Texto de…
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Uma fotografia #02
Queremos compartilhar. Queremos que o outro veja e se assombre, como nós. Muitas vezes nosso parceiro nessas aventuras também estende o braço e aponta numa interjeição, num susto: Olha lá É mesmo! Aquilo? Aquele? Nossa, que lindo! Que terrível! Vamos fugir! [Texto de Toinho Castro]
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Crônica dos últimos momentos
Maldito livre arbítrio, controlado pelas corporações, pela publicidade, pelo último modelo de celular e pela lanchonete multinacional da esquina. Mesmo a ideia de escovar os dentes não era dele, mas da pasta de dentes. Logo mais iria remover o sabor da maionese com um chope gelado em outra esquina, sob os auspícios de outras tantas…
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A lenda inventada de Kuruma’tá
Kuruma’tá era peixe mas também era constelação. As tribos que habitavam o mundo celebravam a terra, as águas e o céu. Cultuavam Kuruma’tá, que ao longo do tempo cíclico que os anciões então contavam, arrastava pela cortina do céu seu cortejo de estrelas. Kuruma’tá enviava as chuvas que enchiam as lagoas e transbordavam os riachos…